O Brasil é o quarto maior consumidor de óleo de cozinha do mundo. Seu consumo médio é de 3,1 bilhões de litros por ano, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE). Estima-se que 25% deste material poderia ser reciclado e transformado em outros produtos como, por exemplo, o biodiesel. Ciente desse potencial energético do óleo de cozinha usado (UCO, da sigla em inglês), a Binatural, empresa brasileira especialista na produção de biodiesel, tem investido em iniciativas de recolhimento do material para que ele possa ser transformado em biocombustível e evitar a contaminação do meio ambiente.
Em 2024, a empresa utilizou 20.132.626 litros de óleo de cozinha em suas usinas. Isso evitou assim a contaminação de aproximadamente 503,3 bilhões de litros de água, com o reaproveitamento do material que seria despejado indevidamente pela população em pias, vasos sanitários ou no solo. Apenas um litro de UCO é capaz de contaminar 25 mil litros de água, segundo estimativas da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Em termos econômicos, essa ação gerou portanto uma economia estimada de R$ 2,01 bilhões em custos de tratamento de água. Sem essa iniciativa, o volume de água equivalente a mais de 201 mil piscinas olímpicas teria que passar por processos de purificação, gerando dessa forma um alto custo para o sistema de saneamento.
“Estamos comprometidos em transformar resíduos em recursos. O aproveitamento do óleo de cozinha é um exemplo claro de como podemos contribuir para a conservação do meio ambiente”, afirma André Lavor, CEO e cofundador da Binatural. “Nosso uso do resíduo, que aumentou em 54,48% de 2023 para 2024. Isso demonstra que é possível aliar eficiência produtiva a práticas sustentáveis que beneficiam assim toda a sociedade”.
Parte desse crescimento se deve ao investimento em iniciativas voltadas para comunidades locais. No ano passado, o programa Óleo e Vida, uma das iniciativas de responsabilidade socioambiental da Binatural, expandiu-se. Foram instalados novos Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) do UCO nos estados de Goiás (GO) e da Bahia (BA). Esta ação teve como objetivo facilitar assim o descarte correto do óleo de cozinha usado. A iniciativa beneficiou mais de 400 famílias que agora têm acesso a locais apropriados para a destinação desse resíduo. Além disso, durante a festa de final de ano da empresa, quase 1 tonelada do resíduo foi coletada de forma espontânea pelos colaboradores, seus familiares e amigos.
Segundo André, a seleção de matérias-primas na empresa vai além do aspecto comercial. A Binatural tem um forte compromisso ambiental voltado para a descarbonização do planeta. Isso inclui portanto o reaproveitamento de resíduos, como a gordura animal e o óleo de cozinha. Este último representa um potencial a ser explorado. “O europeu, o norte-americano e o chinês recuperam óleo de cozinha em maior escala. No Brasil, o índice é muito baixo, de apenas 5%. Temos um desafio cultural de convencer a sociedade brasileira a reutilizar o produto e incentivar projetos de coleta”, conclui.
Com o uso de matérias-primas recicladas, a empresa impediu a contaminação de recursos hídricos, solos e lençóis freáticos. Assim como também evitou a emissão de 4,5 milhões de toneladas de gases de efeito estufa (CO2). À medida em que o mundo enfrenta desafios ambientais crescentes, iniciativas como a da Binatural são exemplos de como a indústria pode atuar de maneira responsável e eficaz.
