A Geo bio gas&carbon, empresa pioneira no desenvolvimento da cadeia de biogás e biometano no Brasil, e a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável firmaram uma parceria para o desenvolvimento da primeira planta no Brasil para produção de combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) a partir de biogás.
O objetivo é desenvolver em escala comercial um modelo de produção sustentável e que utiliza resíduos de biomassa como fonte de carbono biogênico. O projeto envolve investimentos da ordem de 7,8 milhões de euros. Desse total, 1,5 milhão serão recursos do Ministério da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha. Eles serão implementados pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, no âmbito do Programa develoPPP.
O acordo entre a Geo e a GIZ foi assinado no mesmo dia em que o governo brasileiro sancionou a lei que cria o Combustível do Futuro. O programa estabelece um novo marco regulatório para os biocombustíveis no Brasil e introduz o SAF na matriz energética brasileira. Para fortalecer suas capacidades para além da cooperação com a GIZ, a Geo também iniciou uma parceria adicional com a Coopersucar. O objetivo é que a unidade da planta piloto no interior de São Paulo comece a produzir SAF já a partir de 2025. O projeto conta com financiamento da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). A produção em escala comercial esperada é de 750 litros/dia.
A Geo e GIZ atuarão juntas no estabelecimento da cooperação internacional entre universidades e institutos de pesquisa brasileiros e alemães. Seja na disseminação de conhecimento por meio de capacitação de profissionais; assim como no apoio à certificação da cadeia produtiva. Desde sua origem à regulamentação do biocombustível no Brasil. Um das metas dessa parceria é compartilhar a experiência da planta com outras empresas e multiplicadores para a reprodução do projeto por outros investidores. Já com a Copersucar, a Geo atuará na implantação e operação da usina.
“Com o Combustível do Futuro, o Brasil inova e dá um enorme passo na transição energética. A aviação é um dos setores onde o desafio da descarbonização é maior. O SAF produzido a partir do biogás advindo de resíduos de biomassa é uma rota sustentável. Ela também é baseada na economia circular, que é vista como vantajosa para o mercado externo. A Europa, especialmente, enxerga o SAF produzido a partir de resíduos como um combustível avançado. A parceria com a GIZ vem nesse sentido, de construirmos uma solução que atenda também às diretrizes do mercado europeu. E possa também servir de referência”, afirma Alessandro Gardemann, CEO da Geo.
Para a GIZ, “é muito gratificante fazer parte desse momento histórico”, afirma Markus Francke, Diretor do Cluster Energia e Transformação Urbana e do projeto H2 Brasil, da GIZ Brasil. “Esta parceria marca o primeiro grande encontro de pessoas chave desta indústria para celebrar uma ação real e concreta para a sustentabilidade e a descarbonização da aviação, capaz de gerar crescimento econômico, empregos e uma transição energética justa”, completa.
A Lei do Combustível do Futuro obriga os operadores aéreos, a partir de 2027, a reduzir as emissões de gases do efeito estufa nos voos domésticos usando o SAF. As metas começam com 1% de redução e crescem gradativamente até atingir 10% em 2037.
No âmbito mundial, a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO, em inglês) estabeleceu três principais metas para o setor de aviação. São eles: melhoria anual de 2% na eficiência dos combustíveis até 2050; emissões líquidas de CO₂ até 2050; e Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation (CORSIA), que visa um crescimento carbono neutro do setor a partir de 2020, exigindo que as companhias aéreas compensem o crescimento das emissões além desses níveis. A União Europeia (UE), através do pacote Fit for 55 e da iniciativa ReFuelEU Aviation, estabeleceu metas para reduzir as emissões líquidas em pelo menos 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990, e alcançar a neutralidade climática até 2050.