Setor de energia no Brasil está atrativo para o mercado de fusões e aquisições

Setor de energia no Brasil está atrativo para o mercado de fusões e aquisições

Com os investimentos acumulados da década passada para cá e as projeções para os próximos anos, o setor de energia no Brasil está atrativo para o mercado de fusões e aquisições (M&A). Para players interessados em venda ou compra, joint-ventures e acordos similares, entra em campo o trabalho de boutique de M&A – assessoria customizada para viabilizar o “match” e a transação entre as partes.

Casos recentes mostram o êxito dessa intermediação. Um deles, o da Ocle Engenharia, representou, em um decênio, um crescimento de dez vezes em suas receitas. Em outro caso, o da Fasttel, a empresa – de construtora de infraestrutura para concessionárias de geração e distribuição de energia – tornou-se ela própria integrante de uma corporação concessionária e depois passou assim a fazer parte de uma empresa de porte mundial no setor de transmissão de energia.

Quem explica o histórico desses negócios e em que consistiu a assessoria customizada é o consultor Jefferson Nesello, cofundador e sócio da Zaxo, boutique de M&A. Nesello participou diretamente dos trabalhos de assessoria de M&A nos casos tanto da Ocle como da Fasttel, inclusive pela experiência que já tinha atuando no setor elétrico.

Para ilustrar o aquecimento de fusões e aquisições no setor de energia, Nesello cita dois dados emblemáticos. Um, de relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o qual aponta que o Brasil recebeu US$ 114,8 bilhões em investimentos só em energia sustentável, entre 2015 e 2022. O país liderou portanto esse ranking. Outro dado: para 2024, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) calcula pelo menos R$ 38,9 bilhões de investimentos nessa fonte de energia. Tanto os casos da Ocle como da Fasttel são portanto reflexos desse cenário.

O projeto junto à Ocle Engenharia começou a nascer em 2012, quando os sócios-fundadores da Enterprise First Assessoria e Participações, de Curitiba/PR, assessoraram a empresa especializada em projetos de energias na área industrial, e de empreendimentos de grande porte (como shopping-centers), além de atuar na área de redes de distribuição de energia, decidiram ir assim ao mercado em busca de uma venda ou fusões com outros players do mercado. Investidores potenciais interessados até existiam, contudo, por não conhecerem os meandros do ramo, hesitavam.

“A assessoria customizada em M&A teve de ser criativa. Conseguimos, então, unir investidores, com capital, a executivos com experiência em gestão de empresas para gerir o negócio e fazer parte do capital. Então, viabilizamos a esses investidores encontrar uma estrutura de gestão que atendesse a necessidade desse capital. E que ao mesmo tempo proporcionasse maior segurança para a realização do investimento”, narra Nesello.

O trabalho durou em torno de um ano e meio. Dez anos depois, a Ocle, fruto dessa negociação, viu seu faturamento crescer dez vezes. Para 2024, as receitas estimadas giram na casa de R$ 100 milhões, e a companhia conta hoje com um quadro de mais de 300 funcionários.

Por sua vez, o caso da Fasttel tem relação com o sucesso da Ocle. Enquanto a Ocle atuava em engenharia no segmento de distribuição de energia, a Fasttel tinha quase quatro décadas de expertise no segmento de geração e transmissão. “Mas, em 2016, a Fasttel quis deixar de ser apenas construtora dessa infraestrutura para as concessionárias de geração e transmissão e se tornar ela mesma uma concessionária também”, explica Nesello.

No horizonte, leilões de concessão a serem promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A Fasttel recorreu, então, à assessoria customizada de M&A. “A empresa tinha conhecimento do setor e do segmento de geração e transmissão, mas precisava de uma estrutura de capital maior”, conta o consultor da Zaxo, mencionando, assim, o primeiro desafio.

“Construímos um projeto, um planejamento de mercado. Entendemos a joint-venture como uma possibilidade concreta para realizar este projeto, e fomos atrás de investidores. Encontramos o Grupo Cesbe, que se interessou em formar a joint-venture. Acordo fechado, ela foi constituída e disputou o leilão em alguns lotes, se sagrando vencedores. Foi um investimento superior a R$ 150 milhões”, discorre o especialista.

O ingrediente fundamental na assessoria customizada, também no caso da Fasttel, foi a “criatividade”, nas palavras de Nesello. “Criatividade para encontrar um investidor que topasse unir-se a uma empresa que nunca tinha atuado como concessionária na área de transmissão de energia, mas, como construtora de infraestrutura nessa área, conhecia muito bem o setor. Só precisava de mais capital e estrutura. Encontramos o sócio certo”, avalia o executivo da Zaxo.

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