Produção de energia no Brasil fica 13% abaixo do estimado desde 2013, aponta estudo da gestora Equus Capital

Produção de energia no Brasil fica 13% abaixo do estimado desde 2013, aponta estudo da gestora Equus Capital

Um recente estudo da gestora Equus Capital, baseado em dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), trouxe à tona uma preocupação sobre o futuro do abastecimento energético no Brasil. As projeções indicam que o país pode enfrentar um déficit energético a partir de 2027, com o déficit estimado alcançando dezenas de TWh (terawatts-hora). “Isso levanta questionamentos sobre a capacidade do Brasil de sustentar seu crescimento econômico a longo prazo”, afirma Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital.

O levantamento aponta que desde 2013 as hidrelétricas brasileiras têm produzido, em média, 13% menos energia do que o estimado. Dado que as hidrelétricas representam a principal fonte de eletricidade do país, essa redução acende um alerta sobre a segurança energética. Embora, em determinados períodos, o país apresente uma aparente sobreoferta de energia, Vasconcellos destaca que essa situação pode ser enganosa. “A variabilidade das chuvas e o acionamento recorrente de usinas termelétricas, que são mais caras e poluentes, têm causado aumentos significativos no preço da energia, como já observamos em crises anteriores”, explica o executivo.

Segundo ele, o crescimento econômico está diretamente relacionado ao fornecimento estável de energia. “A constante expansão das redes de geração e transmissão de energia é crucial para o progresso do país. O setor elétrico precisa garantir que a capacidade de geração supere a demanda atual, o que é fundamental para evitar crises e garantir o abastecimento”, acrescenta.

Caso o déficit energético previsto para 2027 se concretize, as opções para lidar com o problema, como  a construção de usinas termelétricas, são limitadas. “As termelétricas, embora eficazes, elevam o custo da energia e têm um impacto ambiental considerável. Em cenários extremos, podem até resultar em racionamentos, como em 2021. Apesar de aparentar distante a possibilidade de apagões, se a oferta não conseguir acompanhar a demanda por energia, é necessário derrubar a demanda”, alerta.

Ele enfatiza que a solução de longo prazo exige investimentos em novas fontes de energia, não sendo prudente basear decisões apenas nos preços de mercado. “O Brasil continua fortemente dependente das hidrelétricas, mas sua capacidade de armazenamento de água não acompanhou o crescimento do consumo nos últimos anos”, observa o sócio da Equus Capital.

Hoje, os reservatórios das hidrelétricas brasileiras mantêm níveis relativamente altos, mas sua capacidade de suportar a demanda de consumo energético caiu drasticamente desde os anos 2000. Antes, eles garantiam abastecimento por até seis meses, mas esse período agora caiu para menos de quatro meses. A irregularidade das chuvas torna o abastecimento ainda mais incerto.

“Se as chuvas forem insuficientes, o país terá de recorrer às termelétricas com mais frequência, aumentando o custo da energia e freando o crescimento econômico”, afirma Vasconcellos. Um possível racionamento prejudica não só o dia a dia da população, mas também poderia impactar negativamente a indústria e agravar a inflação.

Para evitar uma crise no fornecimento de energia, Vasconcellos destaca que é fundamental continuar investindo em novas fontes, como as renováveis, e melhorar a infraestrutura de transmissão. “Essa expansão é necessária para preparar o país diante das mudanças climáticas e garantir uma transição energética segura e sustentável”, defende.

Apesar dos desafios, o sistema interligado de energia do Brasil oferece uma vantagem estratégica em relação a muitos países. No entanto, a esperada sobreoferta de energia depende de variáveis imprevisíveis, como o clima e a evolução da demanda. “Uma gestão cuidadosa desses fatores será essencial para evitar crises e manter a estabilidade econômica”, conclui Vasconcellos.

Mesmo com períodos de estabilidade, a incerteza no setor energético brasileiro continua, exigindo políticas robustas e investimentos contínuos para assegurar o futuro energético do país.

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