A automação residencial tem ganhado força a cada ano. Ela vem se popularizando com a rápida evolução da Internet das Coisas, ou Internet of Things, que possibilita a comunicação e interface de diversos tipos de produtos que podem também ajudar a saúde.
O controle da iluminação, por exemplo, foi muito facilitado com a presença de lâmpadas e fitas de LED inteligentes conectadas ao Wi-Fi da residência, que podem ser controladas, (ligadas, desligadas e dimerizadas), além de mudar de tonalidade de cor por meio de aplicativos de celular e comandos de voz, como Alexa ou Google Assistente.
A automação pode assim enfatizar recursos do projeto de iluminação. Seja criando cenas para diferentes usos dos espaços, seja mudando características cromáticas dos espaços com uso de temperaturas de cor distinta para diferentes horários ou atividades dos ocupantes.
Os principais aspectos para definir os tipos de soluções de iluminação de uma residência são: os usos dos espaços e suas tarefas; arquitetura e influência da iluminação natural; assim como perfil e preferências dos moradores e budget disponível.
A redução de preços de produtos, o aumento de fornecedores, a facilidade de compra, muitas vezes, por meio de e-commerces, e a instalação dos equipamentos pelos próprios usuários são fatores que têm favorecido assim a adoção de sistemas de automação em residências.
“Educação, disseminação de conhecimento, como o trabalho que a Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial (AURESIDE) vem fazendo, além de exposições e/ou mostras de casas inteligentes são fundamentais para imergir o usuário final na experiência da automação residencial”, declara Juliana Iwashita Kawasaki, arquiteta e diretora da Exper Soluções Luminotécnicas. A empresa oferece serviços especializados na área de iluminação e eficiência energética.
Luz e saúde
A luz exerce um papel importante sobre a saúde. Ela pode deixar o ser humano mais alerta ou mais relaxado, além de influenciar em seu ciclo circadiano, impactando dessa forma tanto positiva quanto negativamente.
Ainda não existe norma brasileira que defina os parâmetros de índice de reprodução de cor (IRC) e temperatura de cor para residências. Mas o ideal é que se tenha índices de reprodução de cor mais altos possíveis, acima de 80. “Não há uma regra para temperaturas de cor; contudo, o mais indicado é usar temperaturas de cor quentes em ambientes onde se queira tornar mais aconchegantes, como quartos e salas. E temperaturas neutras ou frias em áreas de trabalho, como cozinhas, escritórios, áreas de serviço”, explica Juliana.
Cada vez mais, estudos e pesquisas são realizados para analisar a influência da luz nos ambientes residenciais. Eles trazem recomendações como redução da exposição da luz azul no período noturno.
Tecnologia UV-C
Em função da pandemia de COVID-19, novas tecnologias para assepsia de ambientes estão surgindo. Umas delas é a tecnologia UV-C e muitos fornecedores de produtos de iluminação começaram a estudá-la e a oferecer soluções, uma vez que se assemelha a um produto de iluminação.
Pesquisas comprovaram que a radiação UV-C é eficaz para eliminação do vírus Sars-CoV-2, conforme publicado pela Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux). Isso vem provocando portanto o desenvolvimento de novos produtos com essa tecnologia no Brasil e no mundo.
A radiação ultravioleta do tipo C (UVC) é conhecida por ser altamente germicida. Capaz de eliminar vírus, fungos e bactérias com pouco tempo de exposição, é uma radiação compreendida entre 100nm e 280nm, não existente de forma natural na superfície da Terra, pois é absorvida pela camada de ozônio.
Os raios ultravioletas no espectro C podem destruir a estrutura do DNA do material genético de micro-organismos como vírus, bactérias, fungos, levedos e mofos, além de algas e protozoários, matando ou privando assim sua capacidade de reprodução. O UV-C, ao incidir nos vírus, destrói tanto sua camada protetora quanto o material genético, inativando-o.
Essa tecnologia tem se apresentado portanto como uma alternativa viável para descontaminação de ambientes, por meio do surgimento de diversos tipos de equipamentos e dispositivos que podem ser usados em distintas aplicações.
Seu uso é indicado para desinfecção do ar e superfícies. Desde que sejam observadas as aplicações de segurança para não exposição da radiação aos usuários ou os equipamentos tenham a radiação UV-C enclausurada.
Existem equipamentos voltados ao mercado residencial, porém muito cuidado deve ser tomado para não ocorrer a incidência de radiação UV-C em seres humanos, animais e plantas.
“O ideal é que a radiação esteja contida em equipamentos fechados ou que as fontes de UVC sejam desligadas assim que seja detectada ocupação do espaço. Desta forma, é uma tecnologia que tende a ser utilizada dessa forma em conjunto com soluções de controle e automação, como sensores de presença”, destaca a arquiteta.
Em um recente trabalho que desenvolveu para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade de São Paulo (USP), sobre Saúde (COVID-19 e outros vírus), como parte do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Juliana Iwashita destaca os benefícios da tecnologia. Porém alerta que a radiação UV-C pode ser danosa a seres vivos, podendo provocar problemas na pele e nos olhos. A exposição a curto prazo pode queimar a pele, enquanto a exposição a longo prazo ou a alta intensidade pode causar carcinomas.
Aumentos de casos de fotoqueratites, inflamação da conjuntiva e córnea, em função da exposição às lâmpadas de UV-C também podem ocorrer caso medidas de proteção não sejam corretamente cumpridas (SENGILLO et al., 2021).
Atualmente, estão disponíveis soluções com a tecnologia UV-C integrada. São equipamentos como câmaras ou cabines, bolsas, caixas, varinhas, aspiradores de pó, carrinhos, robôs, filtros de ar e luminárias. Alguns contam com a tecnologia LED.
A pesquisa feita pela arquiteta Juliana também informa que os equipamentos com lâmpadas ultravioletas de baixa pressão geralmente são mais potentes. Estas lâmpadas possuem pico em 253,7nm e possuem maiores intensidades de irradiância e menores preços que os LEDs UV-C disponíveis atualmente. Por esta razão, têm sido as fontes germicidas mais incorporadas aos equipamentos utilizados para assepsia de ambientes.
Determinados produtos apresentam acendimento por meio de controles remotos com temporizador, o que reduz assim o risco de exposição das pessoas à radiação; entretanto, outros produtos são fabricados e comercializados sem a apresentação de qualquer tipo de sistema de controle para segurança.
Uma solução de menor risco aos usuários seria a utilização de luminárias UV-C com luz indireta, com emissão de irradiação para a parte superior do ambiente. Conjugada a um sistema de circulação do ar, esta solução higieniza o ar presente no ambiente. Ela serve também portanto como uma alternativa complementar para descontaminação de ambientes.
A tecnologia UV-C tem se destacado como uma solução de mitigação para transmissão do Sars-CoV-2 e outras doenças. Entretanto, estudos para demonstrar a eficácia na prática, avaliação de produtos por parte de órgãos reguladores e educação da população são necessários para que esta tecnologia seja efetivamente utilizada como medida mitigadora de médio prazo.
“Como a Luz pode impactar na saúde da Sua Residência” será o tema da palestra ministrada pela especialista Juliana Iwashita, durante o Lar Inteligente 360º. O evento será realizado entre os dias 14 e 28 de outubro de 2021, em ambiente totalmente virtual.
As inscrições são gratuitas. Clique aqui para fazer a sua!
Promovido pela Aureside, o evento já está em sua 2ª edição. E tornou-se o principal encontro sobre casas inteligentes e conectadas do País, no qual discute temas inéditos e apresenta as últimas inovações tecnológicas.
Tem como público-alvo arquitetos, decoradores e designers de interiores, profissionais da construção civil, influenciadores, especificadores, integradores, formadores de opinião, dentre outros.
Mais informações estão disponíveis no site: www.larinteligente.com.br