O setor de energia solar ficou agitado no último dia 31 de julho, quando a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) publicou a Resolução Normativa nº 1.098/2024, que altera a Resolução Normativa nº 1.000/2021 e trata de esclarecimentos referente à análise de inversão de fluxo para sistemas de Geração Distribuída.
E com essa nova determinação da ANEEL, como fica este mercado de energia solar no Brasil? Há novas possibilidades para investimento e sucesso de empreendedores brasileiros? A resposta é sim. Quando há um desafio, a tecnologia chega para solucionar a questão.
A evolução do mercado solar no Brasil
Antigamente, era necessário convencer os clientes que a energia solar era realmente uma solução economicamente viável e aliada de uma economia energética sustentável, tendo em vista que o financiamento solar era inviável, pois os juros eram altíssimos, o que praticamente inviabilizava a aquisição desses equipamentos por boa parcela da população. Mas, diante desse cenário, nesta época, os profissionais que atuavam no setor tinham um bom retorno financeiro com a venda de equipamentos fotovoltaicos.
Porém, com a evolução desse mercado e um crescimento de 200 a 300% ao ano, o cenário começou a mudar. Até que chegamos a 2023: um ano horrível para o setor de energia solar brasileiro. No 1º semestre daquele ano, a retração do mercado foi de quase 90%, devido a alguns fatores:
1-Campanha mal administrada pelo próprio setor
2-Crise de crédito de mercado
3-Mudança do governo federal
Ao longo do 2º semestre daquele ano, o mercado foi retomando seu processo de crescimento e, em 2024, foi entrando novamente nos eixos. Porém, agora veio a resolução sobre a inversão de fluxo, que começou em Minas Gerais, com a Cemig (Companhia Energética Minas Gerais) e agora está se expandindo para o Brasil todo. E isso tem impactado significativamente o mercado. No estado mineiro, por exemplo, cerca de 1.200 empresas do setor já fecharam as portas só este ano. Vejo que a Resolução ‘matou’ a microgeração, que era de 75 kw/h para 10% disso, ou seja, 7,5kw/h, além de desconsiderar o direito adquirido de injetar energia na rede.
A virada de chave
Os desafios existem, mas as tecnologias chegam para tentar resolver os problemas. Percebo que, conforme o cenário solar no Brasil vai se desenhando, podemos caminhar para vir a se isolar da rede. Mas, para os empreendedores neste setor, quais as possibilidades para o sucesso? Importante começarmos a olhar como estão os outros mercados globais e, injetar energia na rede, já é algo vedado em vários outros países.
Por isso, diante nesse cenário, começa a ampliar o espaço para as baterias e inversores, ou seja, os sistemas de armazenamento de energia solar. Há uma tendência para que o inversor se torne um eletrodoméstico, já que esse equipamento traz muitos benefícios não só pela questão de gerenciamento de energia, mas pela segurança energética. Por isso, diante das legislações vigente e, para atender às necessidades do consumidor brasileiro, enxergamos um potencial de mercado muito grande.
Entendo que sempre há o questionamento quanto à questão do preço. Mas é importante esclarecer que, pela popularização dos veículos elétricos, o preço das baterias vem caindo de forma significativa. De 1990 até 2018, o preço das baterias caiu 95% e essa tendência de queda vem se mantendo, desde então, 7 a 10% ano.
Com isso, o sistema convencional de energia solar, há cinco anos, tinha payback de 3 a 7 anos – hoje, o sistema com bateria se paga com 7 anos. Então, é possível vender esse sistema de armazenamento, com todos os seus benefícios que agregam valor ao cliente, com o mesmo payback do sistema convencional de alguns anos atrás.
Além disso, o sistema de armazenamento traz a possibilidade de ampliação do leque de clientes e novos negócios, já que nos sistemas fotovoltaicos tradicionais era necessário ter telhado para a instalação, agora, até apartamentos podem instalar o sistema com bateria.
Dessa forma, mesmo diante dessa resolução sobre a inversão de fluxos, mostramos ao setor que há outras opções de mercado totalmente viáveis e promissoras para que não fiquem presos a sistemas conectados à rede.