A aceleração do processo de transição energética depende da democratização do acesso à energia renovável. Esse foi alguns dos principais pontos ressaltados pela Lemon Energia durante participação em audiência pública no Congresso Nacional, em Brasília, para discutir sobre “Transição Energética Justa – Papel Social da Energia Solar”, realizada no Dia Mundial da Energia.
“Uma das formas de tornar a energia limpa mais acessível para a população em geral é usar a modalidade compartilhada da geração distribuída. Mostramos como a Lemon usa essa modalidade ao conectar pequenos e médios negócios a usinas de geração de energia solar. Atendemos assim centenas de clientes que não teriam recursos financeiros para investir em painéis solares. Além disso, dessa forma, contribuímos para acelerar o processo de transição energética”, destacou Zé Gustavo. O executivo é responsável pela área de Regulatórios, Políticas Públicas e Comunicação institucional da Lemon.
Além do benefício ambiental, há as vantagens sociais. Zé Gustavo afirmou que economia mensal de quem gera sua própria energia pode chegar a 20%. Para negócios de pequeno e médio porte – como é o caso dos atendidos pela Lemon – essa é uma economia fundamental.
“Pequenos negócios, muitas vezes informais, têm custos elevadíssimos com energia elétrica. Se a economia for de 12% no ano, essa família que possui um pequeno comércio terá assim uma conta de energia a menos para pagar ao final do ano. Isso representa portanto um ganho local importante”, completou.
Em linha com essa visão , Ana Capelhuchnik, diretora jurídica e sócia-fundadora da Lemon Energia e líder do Comitê de Energias Renováveis do Movimento de Inovação Digital (MID), quem também participou da audiência, levantou mais um ponto essencial para viabilizar o acesso à energia renovável e à geração distribuída: o uso de novas tecnologias.
“Para falar em democratizar a geração distribuída é preciso garantir um acesso simples e desburocratizado. É aqui que a introdução de novas tecnologia ganha um papel fundamental na transição energética justa. Novas tecnologias, associadas a políticas públicas, focadas na simplificação dos processos é que vão garantir os benefícios sociais da GD seja para todos”, afirmou.
Segundo a executiva, a geração compartilhada tem baixa participação na matriz energética hoje, de menos de 4%,. Ela ressaltar que novas tecnologias podem contribuir portanto para ampliar o uso da Geração Distribuída.
GD para acesso à energia renovável a grupos de baixa renda
Durante a audiência, também foram apresentados dados de uma pesquisa realizada pela Rede Favela Sustentável, sobre a pobreza e a injustiça energética identificadas em comunidades. A entidade, que pediu a realização da audiência, coletou informações de quase 1.200 domicílios (4.164 pessoas) de 15 favelas do Grande Rio.
Os resultados da pesquisa Eficiência Energética nas Favelas, publicada em 2023, revelam o peso da energia no orçamento das famílias que moram em favelas. Do grupo que respondeu, 55,2% se encontram abaixo da linha da pobreza. Das famílias respondentes, 31% disseram que comprometem uma parcela desproporcional do orçamento familiar com a conta de luz. E 69% gastariam mais com comida caso a tarifa fosse diminuída.
Os dados reforçam portanto a tese defendida pela Lemon de que ampliar a GD compartilhada é um meio de democratizar o acesso principalmente à energia solar, uma vez que as pessoas não precisam fazer grandes investimentos. “A modalidade de geração compartilhada, em especial, para pessoas de baixa renda, em suas casas ou em pequenos empreendimentos, permite gerar sua própria energia de modo mais econômico e sustentável”, diz Zé Gustavo.
Ainda sobre o acesso de pessoas de baixa renda, a ONG RevoluSolar, que possui uma parceria com a Lemon, mostrou durante o debate como incentivos políticos podem ajudar na instalação de placas solares ou telhados solares em comunidades para levar energia renovável para essas famílias.
Mudanças climáticas e a diversificação da matriz energética
O executivo da Lemon ainda reiterou que as mudanças climáticas podem causar novas crises hídricas no futuro. O que coloca em risco dessa forma a geração de energia por usinas hidrelétricas e faria aumentar assim o uso de termelétricas no Brasil, que são mais poluentes.
“Sem outras alternativas como a geração compartilhada, o sistema elétrico brasileiro ficará estritamente dependente de termoelétricas. Isso aumenta o custo da energia e a emissão de CO2 na atmosfera. Resultado que estaria na contramão da busca por um futuro mais sustentável”, explicou.
Ele lembra que apenas os pequenos e médios negócios conectados à plataforma da Lemon já evitaram a emissão de mais de 42 mil toneladas de CO2 ao viabilizar a geração de energia limpa.
Mesmo sem uma crise hídrica, Zé Gustavo argumenta que se o Brasil crescer mais, de 2% a 4% ao ano, por exemplo, o sistema elétrico pode não dar conta. “Por isso, é urgente portanto integrar políticas e iniciativas que promovam efetivamente a inclusão de toda a população no acesso à energia limpa. Com especial atenção à geração distribuída compartilhada”, afirma.
Um dos objetivos centrais da audiência, promovida pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados e solicitada pelo deputado Bandeira de Mello (PSB-RJ) foi justamente debater políticas públicas em geração distribuída, como forma de estimular assim o uso e incentivo de energia para contribuir para uma transição energética mais justa e eficiente.
Para Bandeira de Mello, a debate também é oportuno dado que está aberta a janela de revisão das distribuidoras e dos contratos de concessões. E pela escolha do Brasil como sede do G20 neste ano e a preparação para a COP30 brasileira em 2025.
Além da Lemon, estiveram presentes na audiência representantes da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), do Movimento Inovação Digital (MID), do Instituto Nacional de Energia Limpa (Inel), da Associação Movimento Solar Livre (MSL), assim como, da ONG Revolusolar, entre outros.