A Copa Energia, maior distribuidora de GLP da América Latina e a Aggreko, líder global no fornecimento de serviços de energia, anunciam uma parceria inédita no Brasil. Após mais de um ano trabalhando na validação junto à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as empresas receberam aprovação para atuar em parceria com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) em pesquisa que estuda o uso do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), também conhecido como “gás de cozinha”, como combustível em um gerador de energia a gás. Com previsão de início de operação para o primeiro trimestre de 2023, agora começa a fase de montagem estrutural.
O projeto de Geração de Energia tem como objetivo avaliar a eficiência energética e economicidade de um grupo motor gerador (GMG) alimentado por GLP, que vai gerar energia elétrica tanto no modo off grid (sem conexão à rede de distribuição) como no modo on grid (conectado à rede de distribuição). O experimento será realizado no período de maior consumo da rede, fornecendo energia elétrica para a universidade.
A Copa Energia instalará na UFMS uma central de GLP conectada a um gerador, o qual foi especialmente desenvolvido para o projeto pela Aggreko. O gerador utilizou as especificações do GLP do Brasil, com potência de 85 Kw e será ligado à rede de abastecimento da concessionária local. A técnica permite que a energia gerada seja direcionada para qualquer parte da universidade. O acompanhamento contínuo será feito pela UFMS, Copa Energia e pela ANP, que validará desde a instalação até a qualidade de geração.
O projeto teve início em abril de 2022 e agora entra na fase da montagem do GMG. Após o fim do projeto, o equipamento será inteiramente doado pela Aggreko à Agência de Internacionalização e Inovação (Aginova) da UFMS. O objetivo desta pesquisa é produzir dados técnicos e científicos que possam promover a abertura do mercado para novos usos do GLP no Brasil, neste caso, com a geração de energia elétrica mais limpa e sustentável.
Transição energética
“Quando falamos de GLP geralmente as pessoas se lembram apenas do botijão de gás e pouco pensamos em seu potencial de geração de energia. Isso acontece porque o uso do GLP no Brasil sofre restrições que datam desde a Guerra do Golfo, quando uma situação de escassez em relação a diversos derivados de petróleo se instaurou, acendendo um alerta mundo. Diante deste cenário, a regulação visava limitar o uso do GLP, que sempre foi considerado essencial à sobrevivência humana, apenas para o uso doméstico. Mas, atualmente, este cenário mudou”, explica Leonardo Silva, Coordenador de Novas Tecnologias da Copa Energia.
Segundo documento elaborado pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) – Regulação do Setor de GLP no Brasil – que reuniu profissionais de diversos setores para discutir a regulação do setor de GLP no Brasil, as restrições quanto ao uso do GLP parecem ter perdido o seu esteio, por razões técnicas e econômicas que demonstram que a escassez está longe de ocorrer tanto no Brasil quanto em toda a América Latina.
A geração de energia a GLP pode desempenhar um papel fundamental na transição de máquinas a combustíveis líquidos fósseis, como o diesel e a gasolina, para máquinas a gás. Em estudo com a finalidade de medir a emissão de gases poluentes em motores de combustão interna, com o uso do GLP, em comparação com a gasolina, foi constatada redução de 64% de gases NOx, 31% para o CO2 e 57% para o CO. Em outro estudo, verificou-se que o uso do GLP reduziu em torno de 50% a emissão de poluentes quando comparado ao diesel.
Segundo Michael Campos, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Aggreko, a queima do GLP é mais limpa, o acúmulo de carbono gerado pelo combustível nas partes internas do motor é menor, além de reduzir o acúmulo de óleo e o desgaste nos componentes, tornando sua vida útil maior. O GLP também tem 50% menos potencial de formação de ozônio, o que o torna um combustível mais limpo.
A Aggreko deseja reproduzir no Brasil sucessos como o projeto de St. Croix, uma das Ilhas Virgens dos Estados Unidos, onde projetou e instalou uma solução de energia de 20 MW, com 18 geradores NGG (Next Generation Gas) de 1,2 MW altamente eficientes, alimentados por GLP (HD5).