O Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), situado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), recebeu a visita de uma comitiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) com o objetivo de estreitar os vínculos entre o Centro e a Associação. A ABEEólica reúne mais de 100 empresas da cadeia produtiva do setor eólico, onshore e offshore.
“Há um interesse mútuo em incentivar o encontro entre pesquisadores e a indústria na solução de problemas tecnológicos”, relata o engenheiro Bruno Carmo, Vice-Diretor Científico do RCGI. “A ABEEólica pode atuar como um multiplicador de novas tecnologias desenvolvidas na USP junto a fornecedores, fabricantes e operadores”.
Um passo importante nessa direção ocorreu em encontro realizado no RCGI em 11 de maio. A equipe da associação incluía principalmente pessoal da área técnica focado em energia eólica offshore e produção de hidrogênio verde, interessados nas soluções tecnológicas desenvolvidas na USP.
Carmo conta que a Associação já atuava em parceria com a universidade na área de transferência de tecnologia, mas essa foi a primeira visita presencial ao centro de pesquisa; até então só haviam se encontrado virtualmente, por meio de webinars.
Uma das ideias em discussão é a organização de fóruns promovidos pela ABEEólica para apresentação de resultados de pesquisa na área de energia eólica. A associação ficaria encarregada assim de divulgar as pesquisas nos eventos e simpósios que ela já realiza. “Poderíamos participar dando palestras e discutindo resultados com pessoas do setor produtivo”, sugere Carmo.
Segundo o pesquisador, além de fazer a ponte entre a pesquisa e os fabricantes, a associação tem forte atuação na área de regulamentação de energia eólica offshore e do hidrogênio verde. “O RCGI pode fornecer subsídios à associação para acelerar a regulamentação da energia eólica. Detalhando, por exemplo, o potencial energético e as tecnologias a serem utilizadas.”
Potencial eólico
“Já foram feitos pedidos de licenciamento ao Ibama de projetos offshore que, juntos, seriam capazes de produzir 170 gigawatts de energia. A capacidade instalada atual de energia eólica onshore gira em torno de 25 gigawats”, diz Carmo. “É um número expressivo, considerando que o total de energia elétrica produzida no país equivale a 250 gigawatts. “Mesmo que apenas 20% desse total seja aprovado, ainda assim será um número muito significativo e maior do que a produção de energia eólica onshore. “Mas tudo ainda depende de regulamentação”, ressalta ele.
Além disso, existem alguns gargalos tecnológicos para que a indústria possa avançar. “As turbinas flutuantes, que poderiam ser instaladas em locais cuja profundidade da lâmina d’água é da ordem de centenas de metros, podem ter turbinas maiores e mais eficientes, mas a instalação e a manutenção no mar envolvem uma operação dispendiosa. Há também turbinas fixas, em profundidades de até 60 metros.
“O desafio é diminuir o custo e aumentar a confiabilidade desses sistemas, reduzindo a manutenção ao mínimo”, explica Carmo. Há também novos desafios, como o movimento causado pelo mar nas turbinas flutuantes, que pode afetar o equipamento. “Essa tecnologia já existe na Europa e na China, mas o desafio é diminuir custos e torná-la mais competitiva”, ressalta Carmo.