Caminhos para a descarbonização pesquisadores de Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação abordam impacto do hidrogênio verde

Caminhos para a descarbonização: pesquisadores de Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação abordam impacto do hidrogênio verde

Uma equipe de pesquisadores do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI), sediado no Recife, publicou um estudo sobre o hidrogênio renovável na revista Gondwana Research, um periódico científico de alto impacto voltado para pesquisas interdisciplinares sobre geociências, sustentabilidade e inovação tecnológica. O artigo, intitulado “Hydrogen-powered future: Catalyzing energy transition, industry decarbonization and sustainable economic development, a review”, analisa o papel do hidrogênio na transição energética e sua relevância para o desenvolvimento sustentável e a descarbonização industrial.

O estudo foi capitaneado pelo cientista Bruno Augusto Cabral Roque, pesquisador associado do IATI, doutorando em engenharia química pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e bolsista do Programa de Recursos Humanos da ANP para o Setor de Petróleo, Gás Natural, Biocombustíveis e Energias Renováveis (PRH 30.1).

A pesquisa também contou com as contribuições dos cientistas Matheus Henrique Castanha Cavalcanti, Pedro Pinto Ferreira Brasileiro, Paulo Henrique Ramalho Pereira Gama, Valdemir Alexandre dos Santos, Attilio Converti, Mohand Benachour e Leonie Asfora Sarubbo e revisou centenas de publicações científicas e relatórios entre 2017 e 2024, utilizando a metodologia PRISMA, uma abordagem rigorosa para revisões sistemáticas. A pesquisa destaca o crescimento da produção e aplicação do hidrogênio verde e biohidrogênio, fontes energéticas que podem substituir combustíveis fósseis e contribuir assim significativamente para a redução das emissões globais de gases de efeito estufa.

Entre os principais pontos abordados, o estudo discute métodos de produção sustentável, como a eletrólise da água movida por energias renováveis, assim como a conversão de biomassa, ambos cada vez mais viáveis economicamente. Também analisa o impacto do hidrogênio verde em setores de difícil descarbonização, como siderurgia e aviação. No cenário global, a pesquisa aponta a existência de mais de 1.500 projetos em andamento, com investimentos superiores a US$ 680 bilhões, concentrados principalmente na Europa, América do Norte e Ásia. Além disso, destaca o papel de instrumentos financeiros, como títulos verdes e empréstimos vinculados à sustentabilidade, na viabilização da tecnologia.

Apesar dos avanços, o estudo também reconhece desafios para a ampla adoção do hidrogênio verde. O alto custo da eletrólise, a necessidade de infraestrutura específica para transporte e armazenamento e a dependência de políticas de incentivo ainda são entraves que precisam ser superados para que essa tecnologia se torne mais acessível e competitiva. Esses fatores impactam diretamente o ritmo da transição energética e exigem investimentos contínuos em inovação e pesquisa.

O estudo projeta que o hidrogênio verde pode reduzir 6,5% das emissões globais de CO₂ até 2050, consolidando-se como uma peça estratégica nas políticas climáticas. Além disso, ressalta que a queda dos custos das fontes renováveis pode tornar o hidrogênio economicamente mais competitivo, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis em diversos países. O Brasil, por sua matriz energética limpa e disponibilidade de recursos naturais, aparece no levantamento como um potencial fornecedor global.

Além do impacto ambiental, o estudo destaca a importância do hidrogênio para a economia. “A transição energética baseada no hidrogênio pode gerar novas oportunidades de negócios e empregos, além de fortalecer assim a segurança energética de diversos países”, afirma Bruno Augusto Cabral Roque, um dos autores do artigo do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação.

Reconhecimento internacional e o papel estratégico do Brasil

A publicação na Gondwana Research insere o Brasil no debate global sobre transição energética e apresenta avanços no estudo do hidrogênio verde conduzidos por pesquisadores do IATI. A Elsevier publica a revista, que possui um alto fator de impacto e se destaca por suas contribuições às ciências naturais e tecnológicas.

Para Paulo Henrique Ramalho Pereira Gama, diretor de negócios do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação, a pesquisa reforça a importância do desenvolvimento científico no setor energético. “O estudo traz dados relevantes sobre o potencial do hidrogênio verde e pode contribuir portanto para a formulação de políticas públicas voltadas para a descarbonização da matriz energética global”, afirma.

Pernambuco na vanguarda da transição energética

Além dos avanços científicos, Pernambuco vem consolidando sua posição na transição energética por meio de iniciativas que dialogam com os desafios e oportunidades apontados no estudo. No Complexo Industrial Portuário de Suape, está em andamento a estruturação de um hub de hidrogênio verde, que pretende se tornar um dos principais polos de produção e exportação do país. Além disso, o litoral pernambucano apresenta potencial para a implantação de parques eólicos offshore, uma tecnologia emergente e promissora.

Leia também Incentivos ao hidrogênio sustentável precisam favorecer também seu uso industrial

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