Este artigo passará resumidamente por algumas áreas que envolvem esta questão quando o assunto é para-raios.
Iniciaremos este artigo com a primeira questão: Responsabilidade. Quem é de fato responsável pela análise e guarda de documentos referentes à instalação e manutenção dos sistemas de PDA – Proteção contra Descargas Atmosféricas em prédios, empresas e até residências de alto padrão?
Quem de fato deve ter em poder tais documentos?
Parece uma incógnita, mas não é. Cada segmento tem seu departamento responsável por isso, mas para facilitar a vida de quem realmente precisa destes documentos em momento oportuno, como em uma vistoria futura ou até em caso de infortúnio causado por um raio por exemplo, é o responsável pela contratação, pode ser o síndico de um prédio, o gerente de manutenção, o departamento financeiro que precisa guardar notas e documentos daquilo pela qual pagou, o departamento de compras ou até o proprietário do imóvel.
Porém, uma coisa é fato e muitos não se atentam: ele precisa estar guardado no local da instalação, pode ser de forma física ou digital, se física, com uma cópia para quem fará o levantamento no dia, digital, enviada para o responsável pelo levantamento, para que, de forma estudada e analisada previamente, possa se ter os parâmetros do que encontrará no local.
Para quem atua com visitas, sabe o que é chegar em um condomínio, por exemplo, não ter informações sobre ano do projeto, da instalação existente, entre outros fatores, mas se não há, isso não é problema. Já sabemos que ele terá de investir em um bom projeto com análise de riscos antes.
Além das questões elencadas acima, já intercalo o assunto sobre riscos em dois tópicos importantes:
1º – Acessibilidade
Temos também a questão de acessibilidade ao topo do prédio, muitos deles não existem acessos direto à cobertura, muitas vezes, são alçapões próximos à beirais, prédios que não possuem escadas físicas e precisamos assim fazer algum malabarismo para chegar ao local das instalações, o que na maioria dos casos, eu já recusei realizar o trabalho devido à falta de segurança.
Já outros, o acesso é fácil e rápido, mas as escadas entre telhado e caixa d’água, não tem a conhecida parte chamada “guarda-corpo”, um descuido pode ser fatal, já que a NR 35 exige também EPIs adequados para isso.
A responsabilidade vai muito além do documento presente no local, vai também de o contratante adequar os acessos não apenas para pessoas com necessidades especiais à frente do prédio, na área comum, mas também, para os prestadores de serviços que precisam acessar telhados, áticos.
Já elucidado um pouco das responsabilidades, quais são riscos de uma PDA não completa ou feita de forma “a la vontê”?
2º – Riscos da descarga atmosférica
Ainda tem pessoas fazendo levantamento sem ter o mínimo de noção dos riscos que uma descarga atmosférica direta ou indireta pode causar. Muitas fazem ainda baseados no anexo B, da extinta ABNT NBR 5419/2005, um verdadeiro assassinato à engenharia.
Portanto, R1, R2, R3 e R4, precisam ser analisados com muita cautela, ter o máximo de informações possíveis e além disso, um profissional capacitado de forma adequada, não com achismos ou porque acha que aquilo deve ser de um jeito específico.
Durante estas vistorias, há de se analisar os quadros de energia. Tanto de elevadores quanto de área comum e centro de medição, em alguns casos, a intervenção precisa ser urgente, adequando-os conforme ABNT NBR 5410.
Lembrando que placas de elevadores queimam por instalações irregulares nos quadros, sem manutenção, sem DPS – Dispositivos de Proteção contra Surtos; então, a responsabilidade não deve cair apenas sobre a concessionária ou culpa do “raio”.
Verificar com uma trena se as descidas estão conforme distanciamento baseados nas tabelas não é o suficiente. Vai muito além disso, então, vamos ao resumo geral, baseado na ABNT NBR 5419/2015, lembrando que o texto abaixo deve ser analisado para cada estrutura e ocupação em questão e é uma pequena parte do que se trata a norma em questão.
R1 – Perda de vida humana; danos aos seres vivos por choque elétrico; dano físico; falha de sistemas internosa.
R2 – Perda de serviço ao público; dano físico; falha de sistemas internos.
R3 – Perda de patrimônio cultural; dano físico.
R4 – Perda de valor econômico; danos aos seres vivos por choque elétricob, dano físico, falha de sistemas internos.
Nota:
a Hospitais, clínicas e locais que seres humanos correm risco diretamente.
b Onde pode haver perda de animais.
Como falei, será que todos estão analisando tudo isso ou apenas analisando questões de descidas, aterramentos pontuais?
Pra encerrar, uma foto com um transtorno grande ao ter a informação de que ali se tratava de pontos de aterramento. Por este motivo, documentos são importantes na hora da análise de instalações elétricas ou demais ramificações do setor, o que na realidade era apenas uma caixa de inspeção de esgoto.
Quer economizar de verdade?
Levante primeiramente toda a documentação necessária, invista em um bom projeto; contrate empresas idôneas e preocupadas com a segurança e faça a análise periodicamente, de acordo com o que é estipulado por normativas brasileiras e pelo profissional habilitado responsável.
Referência:
Inspeções de SPDA – https://bit.ly/3ijCXQ4
Orestes Rodrigues Junior é especialista em relatório técnico-fotográfico para engenheiros, diretor de marketing da Abracopel, membro de comitês da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e influenciador em segurança no LinkedIn.