Um Acordo de Cooperação Técnica (ACT), entre o CBDB (Comitê Brasileiro de Barragens) e a Abrage (Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica), deverá desenvolver ações conjuntas associadas à utilização de barragens, reservatórios e estruturas conexas para geração de energia elétrica.
Assinada durante a Semana de Barragens “Damsweek 2024”, respectivamente por seus presidentes, Miguel Sória e Marisete Pereira, a iniciativa deverá vigorar por um período de 24 meses a partir de um plano de trabalho, ser definido até o final do ano. De acordo com Sória, o Acordo trará oportunidades de discussão de assuntos relevantes para a hidreletricidade. O CBDB propõe à Abrage que avalie as condições para desenvolver temas como repotenciação, reversibilidade e modernização de UHESs no país.
Demanda variável
Para o presidente do CDBD, a repotenciação de usinas hidrelétricas, especialmente no Brasil, pode tornar-se assim uma estratégia útil para garantir maior potência no setor elétrico diante da crescente importância das fontes solar e eólica. “O setor hidrelétrico está sentindo os efeitos dessa nova forma de gerenciar a potência no país e uma alternativa de enfrentar isso pode ser por meio da repotenciação de UHES”, acrescenta. A repotenciação de usinas hidrelétricas consiste na ação de acrescer potência instalada em uma UHE, utilizando, sobretudo, locais de espera pré existentes nas casas de força, que é a situação que ocorre em várias UHESs do Brasil, observa Sória.
“As hidrelétricas oferecem uma flexibilidade única, permitindo ajustar a geração de energia rapidamente para atender à demanda variável da rede. Essa característica é fundamental para equilibrar a intermitência da energia solar e da eólica, que dependem das condições climáticas”, completa o presidente do CBDB.
Outro ponto que as entidades podem avançar é no que se refere a usinas hidrelétricas reversíveis que, segundo Sória, envolve a capacidade de uma UHE em também bombear água para montante, quando técnica e economicamente viável, para armazenar água em reservatórios e assim poder gerar energia elétrica em horários de maior necessidade.
“Por outro lado, a modernização das usinas hidrelétricas no Brasil é um tema de grande importância para o setor energético e para o país como um todo. Com uma matriz energética predominantemente baseada em fontes hídricas, a atualização tecnológica dessas usinas traz assim diversos benefícios, tanto econômicos quanto ambientais”, afirma.
A modernização de usinas hidrelétricas prevê a adoção de dispositivos e sistemas atuais de operação e manutenção de UHEs, e que inclui a informatização da aquisição de dados e sistemas inteligentes de gerenciamento operacional.
Expectativas
A Semana de Barragens 2024 foi ao encontro das expectativas da entidade, avaliou Sória, que destacou o atendimento de dois grandes públicos: de barragens de rejeitos e resíduos industriais e o de acumulação de água para usos múltiplos, reunindo dessa forma um total de 649 participantes.
Avanço
Para Marisete Pereira, presidente da Abrage, a assinatura do ACT com o Comitê Brasileiro de Barragens representa um avanço significativo a favor da segurança das barragens nas UHEs.
À Hydro Brasil, Marisete afirmou que a Abrage está comprometida em contribuir com a excelência e o aprimoramento das práticas no setor, com comitês técnicos, formados por especialistas das 23 empresas associadas, os quais são referência tanto no Brasil quanto no exterior.
“Isso se comprova com o recente lançamento de dois Guias de Boas Práticas em segurança de barragens, que reforçam assim nosso compromisso com a transparência e o cumprimento das normas e regulamentos do setor elétrico. Essas orientações serão disponibilizadas gratuitamente em nosso site, e um terceiro guia, que abordará a ‘sinalização de emergência’, está em fase de conclusão e em breve será disponibilizado.”
