O Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica (ISI Eletroquímica), com sede em Curitiba, em parceria com a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), desenvolveu, durante um ano, um projeto com foco no desenvolvimento de uma folha de alumínio para aplicação em baterias de íons-lítio. Esse tipo de bateria é uma das tecnologias de armazenamento de energia mais empregada e em ascensão no mundo, com aplicação em veículos elétricos, aparelhos celulares, notebooks, nobreaks, tablets, entre outros.
Atualmente, os componentes dessa bateria são todos importados, ou seja, não há fabricante no Brasil desse tipo de insumo. Essa parceria pode mudar este cenário e inserir o país em um mercado global, possibilitando assim o desenvolvimento do produto aqui. “A CBA viu nesse nicho de mercado um grande potencial a ser explorado. E aí surgiu a parceria com o ISI Eletroquímica”, informa Cyrille Gonin, pesquisador do ISI Eletroquímica que atuou na gestão deste projeto. “Foi uma cooperação em que a CBA contribuiu com sua expertise no desenvolvimento de folhas de alumínio e o Senai fez as caracterizações e testes para confirmar a compatibilidade da folha com a tecnologia de baterias de íons-lítio”, explica.
Dentro do projeto, a CBA produziu a primeira bobina de duas toneladas de folha de alumínio nacional para esse mercado. “Nós testamos e certificamos o desempenho da folha por meio da produção de protótipos de baterias de íons-lítio. Utilizando portanto a mesma química usada em veículos elétricos”, detalha o pesquisador. Para que o projeto tivesse o sucesso esperado, foi fundamental o alinhamento e a sintonia das equipes.
“Tivemos reuniões frequentes com os profissionais da CBA. Eles inseriam o ponto de vista da indústria de alumínio e nós atuávamos com olhar científico na tecnologia empregada nessa bateria. Tudo para que, ao final, desenvolvêssemos essa folha de alumínio para futuros clientes da CBA no mercado nacional e internacional”, complementa a Gabriella Dias, pesquisadora que atuou diretamente na execução do projeto.
De acordo com o pesquisador do ISI, o Brasil tem um potencial enorme para desenvolver e produzir matéria-prima para aplicação nessa tecnologia. Não apenas por ser um país rico em recursos minerais, mas também por poder contar com empresas altamente qualificadas e capazes de fabricar produtos de altas qualidades. “Ainda há um grande mercado a ser explorado em relação a veículos elétricos no Brasil. Na Europa e em outros países do mundo, essa cultura já é uma realidade e continua crescendo de maneira exponencial”, ressalta Cyrille Gonin. Para ele, isso se deve às metas de redução das emissões de carbono e ao apelo mundial para produzir veículos menos poluentes. “Há muito espaço para ampliar a atuação das empresas nesse segmento”, reforça.
Ele destaca ainda a postura de todo o time do ISI Eletroquímica durante os 12 meses de desenvolvimento. “Tivemos uma equipe dedicada que deu suporte em todo o processo de desenvolvimento dentro do laboratório e na relação com os profissionais da CBA”, completa.
No final do projeto, a nova folha de alumínio desenvolvida e testada se mostrou extremamente eficiente e compatível na aplicação de baterias de íons-lítio. Está pronta para ser apresentada pela CBA a potenciais clientes. “Além disso, a folha de alumínio produzida pela CBA contribui com a redução de carbono, já que a energia utilizada para a fabricação é 100% gerada a partir das usinas hidrelétricas”, reforça.
Com os resultados positivos obtidos na primeira etapa, a CBA já se dedica aos próximos passos, que consiste em aperfeiçoar o projeto e ir atrás de possíveis clientes, que tenham interesse em testar esse novo produto. “Nosso time está focado em ações para estabelecer parcerias valiosas com nossos stakeholders e explorar a possibilidade de validação com clientes finais. O objetivo agora é a nacionalização das folhas e componentes. E, posteriormente, fornecimento ao mercado externo”, conta Daniel Silveira, Gerente de Desenvolvimento de Mercado e Inovação de CBA.
“O bacana do projeto é que não fica só no desenvolvimento, mas também auxiliamos a CBA a se posicionar no mercado com futuros clientes, indo além do suporte científico. Cumprimos com nosso papel de fortalecer a indústria brasileira”, conclui o pesquisador do ISI.