A verdadeira corrida contra o tempo e contra o início da taxação. Esse foi um dos motivos para que o segundo semestre do ano passado batesse todos os recordes possíveis no setor de energia solar. Mas se os primeiros seis meses deste ano foram de ressaca e queda nas vendas, os próximos prometem ser de retomada. Entre os motivos está a redução de mais de 25% nos custos do investimento para a instalação de sistemas fotovoltaicos em relação ao ano anterior.
Em dezembro de 2022, a execução de uma obra residencial de pequeno porte, com um sistema de dez placas com capacidade de gerar até 5,10 Kwp por mês custava cerca de R$ 22,5 mil. Esse mesmo projeto hoje custa por volta de R$ 16,7 mil. Já em obras de grande porte, que tinham custos de aproximadamente R$ 409 mil, o valor reduziu para R$ 307 mil, uma queda de 25%.
O engenheiro eletricista Mário Henrique Bordignon informa que a redução no preço é motivada pela desaceleração do mercado nos primeiros sete meses do ano. E também pela queda do dólar, entre outros fatores.
“Tivemos uma grande procura pelas instalações em 2022, que fez com que o nosso faturamento dobrasse em relação aos anos anteriores. O que está acontecendo agora é que temos estoque suficiente e margens que podemos trabalhar para entregar uma obra com custos menores. Quem mais sai ganhando com essa mudança de cenário é consumidor”, atesta o empresário.
Bordignon acredita que o estoque de placas, inversores e outros equipamentos que compõem os sistemas fotovoltaicos possibilitam projetar um aumento no volume de vendas que deve chegar a 15% entre os meses de agosto e outubro.
“Para o final do ano, porém, acredito que devemos ter novos aumentos de preço, já que o mercado terá que repor esses estoques e os valores dos equipamentos, da mão-de-obra e outros insumos certamente estarão em outros patamares”, alerta o proprietário da Solar Serra. A empresa tem matriz em Bento Gonçalves e unidades em Veranópolis, São Marcos e Protásio Alves, no Rio Grande do Sul. Além de Concórdia (SC) e Curitiba (PR).
“Quem tem energia, tem poder”
A afirmação de que “quem gera sua própria energia tem poder” é do empresário paulista Cássio de Facio, proprietário da Easy Energia. Ela explica as mudanças que têm ocorrido no mercado de energia solar no Brasil. Segundo ele, a redução no preço para a instalação de sistemas vem na carona do achatamento do mercado e da sobra de geração de energia no país.
Facio afirma que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), assim como próprias distribuidoras, atuaram fortemente para que entrasse em vigor a taxação da energia solar. Entretanto, segundo ele, a liberdade do consumidor em gerar a sua própria energia, de forma limpa e mais barata, é um caminho sem volta.
“O sistema elétrico continuará mudando. Assim como os sistemas fotovoltaicos diminuíram o preço, as baterias estão diminuindo também. Os sistemas híbridos entrarão em evidência e continuarão a mudar o sistema elétrico nacional. No mercado da geração distribuída, vejo o crescimento de pequenas usinas, abaixo de 75kW, e assinaturas de energia para pequenas empresas, que não conseguirão acessar o mercado livre, para condomínios e outros empreendimentos. Tivemos uma expansão enorme nos últimos 3 anos, mas daqui para frente o mercado vai diminuir”, prevê o empresário.