Mesmo com os menores preços-médios negociados no Leilão de Energia Nova (LEN A-4 de 2022), realizado no dia 27 de maio pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a contratação da fonte solar ficou com volume muito aquém das expectativas do setor e da própria necessidade do país. A avaliação é da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).
Pela análise, a contratação da fonte solar, que teve um forte deságio de 20,78% em relação ao preço inicial de R$ 225,00/MWh, atingindo um preço médio de venda de energia elétrica de R$ 178,24/MWh (equivalente a US$ 37,29/MWh, foi portanto muito baixa. Principalmente, quando comparada com a grande volume de projetos solares participantes do leilão. “Além disso, o Governo Federal comprou mais eletricidade de fontes mais caras, uma decisão onerosa e que será paga pelos consumidores brasileiros. Estamos portanto muito decepcionados com este resultado”, aponta Rodrigo Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR.
Segundo avaliação da entidade, se tivesse contratado o mesmo volume de biomassa ao preço das usinas solares, a economia seria de R$ 1,47 bilhão. E, no caso da comparação entre o preço da fonte fotovoltaica com o valor contratado das Pequenas Centrais Hidrelétrica (PCHs), a economia no bolso dos consumidores seria assim de R$ 1,52 bilhão.
“Vale lembrar que as usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis. E, graças à versatilidade e agilidade da tecnologia fotovoltaica, são menos de 18 meses desde o leilão até o início da geração de energia elétrica. Assim, a solar é reconhecidamente campeã na rapidez de novas usinas de geração”, acrescenta Sauaia.
Os projetos solares fotovoltaicos contratados pelo LEN A-4 de 2022 estão localizados na região Nordeste, no estado de Pernambuco. Foram arrematadas apenas cinco novas usinas da fonte, totalizando 166 MW de potência e os novos investimentos nesses projetos ultrapassam R$ 687,3 milhões. “Mais de dois terços da energia elétrica que será gerada pelas usinas de Pernambuco serão destinadas às distribuidoras no Ambiente de Contratação Regulada (ACR). O restante da energia poderá ser negociado no Ambiente de Contratação Livre (ACL), onde os preços variam normalmente para cima, contribuindo assim para os resultados econômicos dos projetos”, esclarece Sauaia.
Há também grande descontentamento do setor fotovoltaico no país com o Ministério de Minas e Energia. Isso aconteceu diante da exclusão da fonte solar do leilão A-6 de 2022. Ele está marcado para acontecer em 16 de setembro deste ano.
Para o vice-presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Márcio Trannin, é preciso portanto que as autoridades do governo garantam isonomia entre as fontes de energia no certame. E, também, incluam as usinas fotovoltaicas, justamente por ser tratar de uma fonte renovável e com preços altamente competitivos. Essa ação poderá assim ajudar a reduzir a conta de luz dos consumidores brasileiros. “Não há justificativa técnica e nem econômica para deixar a solar de fora do A-6. A quem isso interessa?”, questiona Trannin.
“Energia elétrica competitiva e limpa é fundamental para o país recuperar a sua economia e conseguir crescer. A fonte solar é portanto parte desta solução e um verdadeiro motor de geração de oportunidades, novos empregos e renda aos cidadãos”, conclui o vice-presidente da entidade.