Após meses de tarifa extra na conta de luz, a bandeira escassez hídrica poderá sair do orçamento dos brasileiros em breve. O acréscimo na conta está em vigor desde setembro de 2021. E, segundo anúncio realizado em 25 de março, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), terá em abril seu último mês em vigor, conforme data inicial estabelecida. A bandeira foi criada para cobrir a elevação dos custos de geração durante o período de crise hídrica.
De acordo com especialistas, com a mudança prevista para o mês, o impacto na fatura do consumidor final deverá ser notada a curto prazo. Isso acontecerá pois todos deixarão de pagar o adicional de R$14,20 a cada 100kWh consumidos. Só para se ter uma ideia, segundo informações da CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – o total arrecadado pelo setor elétrico pelas bandeiras tarifárias, só de setembro a dezembro de 2021, chegou a 12,9 bilhões de reais. O valor pago pelos consumidores foi 16 vezes o cobrado no mesmo período em 2020.
“A bandeira de escassez hídrica foi uma medida imposta pelo governo durante a crise hídrica no país, a maior dos últimos 91 anos. Ela compensa os custos de acionamento das usinas termelétricas e de importação de energia da Argentina e do Uruguai. Seu custo é quase 50% mais alto que a bandeira vermelha patamar 2. Muita gente não percebe, mas pagamos esse aumento também nos produtos que compramos e nos serviços que contratamos. Para as empresas, esse custo gerou um grande impacto em suas produções e na operação. Sendo esse custo repassado aos clientes também. Afeta toda uma cadeia que agora, após o fim da bandeira, irá tentar se recuperar”, comenta Braz Justi, CEO da Esfera Energia.
Mercado Livre de Energia leva alternativa para redução de custos para empresas
Braz avalia que as oscilações frequentes no preço da energia são uma das razões de tantas empresas buscarem formas de ficarem menos vulneráveis em relação a esse insumo. “O Mercado Livre de Energia tem se mostrado promissor nesse sentido. Ele não está sujeito ao regime de bandeiras tarifárias e seus consumidores têm liberdade para negociar a compra de energia da forma mais conveniente aos seus negócios, além da previsibilidade financeira, já que é possível saber quanto pagarão pela energia até o final do contrato. Nossa experiência mostra que nesse ambiente de contratação, é possível alcançar economia de até 35% na conta de luz”.
Os consumidores do Mercado Livre de Energia também são afetados pelos níveis dos reservatórios, já que as condições de geração de energia influenciam o cálculo do PLD, o Preço de Liquidação das Diferenças, usado para valorar a energia no Mercado de Curto Prazo. A diferença é que, enquanto os consumidores do Mercado Cativo não conseguem se proteger das bandeiras, os consumidores do Mercado Livre têm formas de ficarem menos expostos à volatilidade do PLD.
“Existem estratégias que mitigam os riscos de exposição do agente livre. Por isso a importância de uma gestão eficiente da energia, tanto no que compete ao consumo, quanto à compra desse insumo. Principalmente, durante a escassez hídrica”, reforça Braz.
Atualmente, o Mercado Livre de Energia é restrito aos consumidores com demanda contratada acima de 500 kW (aproximadamente 50 mil reais por mês). O Governo Federal vem conduzindo uma abertura gradual desse ambiente de negócios, que deve ser concluída em 2024, com a diminuição dos níveis mínimos de consumo exigidos para a entrada de novos consumidores.