A dependência dos reservatórios das hidrelétricas, fonte de maior importância para a geração de energia do Brasil e a dívida das distribuidoras de energia elétrica em mais de R$20 bilhões, elevarão as contas de energia elétrica, que já são muito altas, para todos os segmentos da sociedade.
Sendo assim, eficiência energética, a arte de usar a menor quantidade possível de energia para conseguir atender às nossas necessidades, ganha importância e torna-se obrigatória nesse momento tão difícil de recuperação econômica! Este é provavelmente um dos temas mais relevantes quando falamos de energia elétrica no Brasil, apesar de quase não ouvirmos falar sobre essas ações.
Para ilustrar a importância dessas ações, o valor que poderia ter sido economizado nos anos 2014, 2015 e 2016 foi de aproximadamente R$60 bilhões.
Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), divulgados no 16° Congresso Brasileiro de Eficiência Energética (COBEE), somente com o Programa de Eficiência Energética (PEE), foram economizados 52TWh entre os anos de 1998 e 2017, a um custo médio de R$200/MWh e com investimentos de R$8 bilhões.
No mesmo período, o custo médio de geração para Baixa Tensão era de R$436,00/MWh, enquanto o custo médio de geração para Alta Tensão era de R$384,00/MWh. Isso significa que o PEE, em 19 anos, conseguiu reduzir em R$13,3 bilhões, aproximadamente, o custo com a compra de energia gerada para atender a demanda.
Dá para observar, infelizmente, que o Brasil não dá importância, e por isso não tem boa desenvoltura no quesito eficiência energética. Isso acontece por vários motivos e um dos mais fortes é que implantar ações de eficiência energética não é algo muito enraizado em nossa cultura, mesmo sabendo que os impactos desse desconhecimento sejam pesados.
Em 2017, a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) publicou os números de um estudo, indicando o tamanho do potencial de economia estimado de 2008 até 2016. Estimaram que só em 2016, deixamos de economizar algo em torno de R$20 bilhões. É muita energia desperdiçada!
Em princípio, bastam boa vontade e investimento dos gestores para que os empreendimentos reduzam sua conta de energia elétrica.
País privilegiado! Se existe um lugar ideal para o uso de energia limpa, este lugar é o Brasil. O potencial de energia renovável no País é imenso, em especial, com energia solar fotovoltaica, energia eólica e por meio de resíduos de biomassa.
Dessa maneira, temos tudo para mudar a nossa matriz energética, pois as fontes biomassa, eólica e fotovoltaica vêm se desenvolvendo de forma significativa, ganhando importância e abastecendo a matriz energética do País, que há pouco tempo era 85% oriunda de hidroelétricas de alto custo e arrebatador impacto ecológico.
A grande disponibilidade de resíduos de biomassa no Brasil coloca o País em uma posição privilegiada para expandir sua capacidade de bioenergia. Além disso, o alto custo da energia elétrica da rede e enorme incidência de impostos viabiliza a produção de energia elétrica renovável com paybacks convidativos, mesmo em micro e pequena escala.
Entre as formas de geração de energia elétrica de fonte renovável, está o projeto de implantação de energia solar fotovoltaica – onde é possível transformar a irradiação solar em energia elétrica através de painéis de silício, que têm uma durabilidade mínima de 25 anos, podendo chegar aos 40 anos.
A economia com utilização de energias renováveis varia muito com as condições do clima, dimensões da usina geradora, investimento realizado etc. Pode-se afirmar que energias renováveis chegam a cortar até 90% dos gastos com a conta de energia elétrica de sua concessionária. Se uma instalação tiver gastos com consumo de, digamos, cerca de R$200/Dia, pode-se devolver até R$ 180/Dia para a concessionária, injetando a energia renovável produzida em sua rede elétrica. Então, tudo aquilo que for produzido será descontado da conta de energia elétrica no final do mês.
Existem três estandartes da maior importância para tornar uma instalação mais eficiente em energia, ação fundamental antes de se pensar em geração de energia renovável, quais sejam:
- Eliminar os desperdícios – Análise das instalações;
- Gastar menos energia elétrica sem alterar conforto e segurança – Ações de eficiência energética;
- Comprar melhor a energia elétrica da concessionária – Estudo do suprimento energético.
No tocante às ações de eficiência energética, essas podem reduzir em até 45% os gastos com o insumo energia elétrica, reduzindo assim, inclusive, a potência necessária da usina de energia renovável.
De maneira sucinta, ele cita algumas das ações de eficiência energética com grande viabilidade econômica, bem como maior colaboração com o meio ambiente:
- Películas de Controle Solar – Esses projetos melhoram o desempenho de qualquer sistema de envidraçamento, reduzindo os gastos de energia elétrica com a climatização de ambientes;
- Sistemas de Climatização – Os sistemas de ar-condicionado devem ser flexíveis de modo que possam ser usados apenas quando e onde forem necessários. Isso melhora a eficiência energética e o conforto térmico dos usuários. O sistema deve ser instalado com eficiência;
- Iluminação LED – O uso de lâmpadas LED e de sensores de presença podem reduzir em até 60% do que se gasta com iluminação e oferecem até cinco anos de garantia;
- Grupos Geradores – As aplicações dos geradores abrangem desde a operação em emergência até sistemas completos para cogeração de energia, isto é, utilizar o calor da exaustão dos grupos geradores para aquecimento da água;
- Energia Solar Fotovoltaica – Projetos para Geração de Energia com fontes gratuitas, renováveis e não poluentes, com a utilização de painéis fotovoltaicos e outras tecnologias.
O consultor acredita que, com os investimentos em projetos de geração de energia limpa, em 2040, o País pode chegar a aproximadamente 55% de participação de energias eólicas e fotovoltaicas na matriz energética, diminuindo assim as construções de grandes usinas hidroelétricas, que tanto agridem o meio ambiente. Fato que seria de suma importância para um desenvolvimento econômico do País mais seguro e consistente, pois as crises do setor energético que tanto afetam a nossa economia, oriundas de meses de secas, seriam amenizadas com uma matriz energética mais diversificada.
Os setores comerciais, industriais e de turismo certamente serão beneficiados com a diversidade de nossa matriz energética, principalmente pelas opções de compra de energia elétrica com menor custo, por serem produzidas por fontes renováveis.
Com a previsão de queda acentuada de custo das placas fotovoltaicas nas próximas duas décadas, consumidores comerciais, residenciais e industriais começarão a olhar para a energia fotovoltaica como uma excelente oportunidade para alcançarem independência energética.
Enfim, com tanta energia e insumos utilizados para a fabricação de um sistema fotovoltaico, é fundamental ter responsabilidade em como utilizá-los. Após todo esse processo para produzi-los, caso os consumidores finais (plantas solares locais ou remotas) estejam altamente ineficientes, a cadeia do desperdício de energia só tende a aumentar.
Por isso, em paralelo a todos os debates sobre as mudanças das normas vigentes para a geração de energia solar fotovoltaica distribuída (GD), é necessário implantar ações de eficiência energética no consumidor final, que será alimentado pela geração distribuída e, posteriormente, dimensionar o sistema.